Adriano Roldão bonsais com muita arte.

Os Juniperus de Adriano Roldão na minha opinião, podem ficar em exposições ao lado dos trabalhos de grandes mestres internacionais. São árvores que possuem história na sua criação e principalmente muita poesia.

A medida que fui escolhendo fotografias no seu acervo pessoal, fiquei muito feliz de saber que está matéria seria uma das mais ricas publicadas nos 6 anos de blog, pois vocês vão poder observar ás árvores em suas etapas de trabalho.

Muito obrigado Adriano pela disponibilidade em dar a entrevista e de dividir com os leitores, o seu trabalho que possui um material fotográfico tão rico.

1 – Quando você se interessou e começou a se dedicar à arte do bonsai?

Eu ainda morava em Porto Alegre quando tive meu primeiro contato com bonsai, em uma exposição dentro de um shopping. Fiquei maravilhado. Somente em 2008 já morando em Curitiba, foi que, lendo jornal me deparei com uma matéria sobre bonsai. Somente depois de um empurrão da esposa fui atrás dos contatos e fiz meu primeiro curso de bonsai. A partir dai não parei mais.

Adriano trabalhando na coleta de um grande Jacaré (Juniperus horizontalis)

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2 – Que espécies você mais gosta de trabalhar?

A espécie que mais gosto de trabalhar são os juniperos. Tenho uma atração muito forte por trabalhos dramáticos que representam os juniperos sofridos que brigam para sobreviver em terrenos e situações adversas. Mas também tenho me aventurado nas plantas tropicais para aumentar meus conhecimentos em outras espécies.

3 – Que espécie você gostaria de trabalhar na sua região, mas as circunstâncias de clima e adaptação não permitem?

Aqui em Curitiba, onde eu moro, temos um clima bem diversificado. Não podemos reclamar. Da para trabalhar com quase todas as espécies. Temos só que cuidar com os meses de muito frio e não esquecer de proteger algumas plantas. Mas como meu foco são os juniperos, creio que sou um privilegiado, pois eles adoram o frio e resistem muito bem a geadas

4 – Dos seus trabalhos, qual você destaca com um carinho especial? Me fale um pouco sobre ele.

Tenho um trabalho que me acompanha em minha caminhada evolutiva que tenho muito carinho e muitas tristezas também. Se trata de um cedro Nana que esta sempre passando por mudanças em seu desenho devido a um problema ainda sem solução de seca de galhos.

Esta planta está totalmente oca e já tem um desenho interessante. Mas a cada galho que seca tenho que criar um novo desenho e reconstruir a planta. O motivo da planta estar oca, é bem interessante pois foi quase que involuntário da minha parte levando em conta minha pouca experiência na época.

Adquiri a planta em um pote preto muito grande e resolvi transplantar antes de estilizar. Na hora do transplante me deparei com uma raiz muito forte que mais parecia um pescoço longo até o fundo do vaso. Resolvi cortar e aguardei a recuperação da planta. Pós transplante notei que havia um ninho de formigas no interior da planta. Com o corte que fiz a parte interna da planta apodreceu e a planta passou a sobreviver e se sustentar apenas pelas raízes laterais. Retirei toda parte de madeira podre foi quando que um lindo e natural desenho se apresentou na abertura de um buraco na parte frontal da mesma. Creio que foi trabalho em equipe. Eu e a natureza trabalhamos juntos. Muitas emoções e aprendizados .

5- Você segue alguma escola ou estilo nas suas criações?

Tenho muita admiração e respeito pelas escolas orientais, devido ao fato de terem começado com a arte do bonsai. Depois de alguns anos seguindo uma escola ou outra é impossível que o bonsaista não crie sua própria assinatura. Bonsai é arte. Arte quando é boa as pessoas olham e falam.” Eu sei de quem é este trabalho”. Quando isto acontece comigo fico muito feliz. Creio que estou conseguindo me expressar através de minhas obras.

6 – Você gosta mais de algum estilo de bonsai em particular? Qual?

Quando se fala em estilos estamos falando da escola japonesa. Pois foram eles que criaram os estilos que conhecemos e passaram a difundir o bonsai pelo mundo com suas regras e ensinamentos. Neste caso o estilo que mais gosto é o Bunjin. Mas estou criando grande admiração pelos trabalhos dos bonsaistas de Taiwam. Desenhos muito bonitos com um estilo livre de regras, mas com muita técnica e harmonia.

7 – O que a arte do bonsai agregou na sua vida?

O bonsai me colocou em maior contato com a natureza e me fez parar para reverenciar as obras de Deus. Em muitos momentos de concentração e de trabalho começo a reparar minha pequenes perante tão belas obras que tento copiar

Adriano com seu filho Gustavo, já com olhar curioso de bonsaísta.

8 – Você acha que um bonsai deve seguir uma ordem rígida de técnicas e estética, ou deve seguir uma forma mais livre e artística?

Quando falamos de regras sempre vemos opiniões diversas. Creio que para se quebrar uma regra ou até mesmo criar uma nova técnica dentro do bonsai , primeiramente temos que dominar e respeitar as regras orientais milenares criadas com muito estudo e percepção. Creio que cada um tem que perguntar para si mesmo. “Será que estou apto a criar? Já tenho bagagem que me leve a subir este degrau?  E como já disse anteriormente o tempo fará com que o seu estilo apareça e seja reconhecido.

9 – Que bonsaísta (um ou mais) chama a sua atenção hoje no cenário mundial?

Ha algum tempo atrás eu diria alguns nomes famosos do bonsai como referência. Hoje busco inspiração e referência em quase tudo que vejo no mundo do bonsai. Me tornei mais cuidadoso e minimalista com os detalhes. Procuro avaliar e aprender com o bom e o ruim em tudo na minha vida. No bonsai também funciona.

Juniperu e suas etapas de trabalho:

10- Hoje é mais fácil começar a se dedicar ao cultivo de bonsai? Quais eram as maiores dificuldades no início?

Creio que uma das maiores dificuldades no começo foi a matéria prima. Como sempre gostei de trabalhos com muita madeira morta e bem sofridos, fiquei um pouco frustrado a admirar fotos de plantas coletadas nas montanhas de outros paises. Para atender minhas necessidades de amante dos juniperos eu descobri o Jardindori (Coleta em jardim). Tenho garimpado belos exemplares em jardins de casas antigas. Muitos falam que não se deveria coletar plantas tão velhas. Depois que eu vi que são estas plantas velhas as primeiras a serem arrancadas e descartadas quando uma destas casas é vendida eu passei a focar nesta possibilidade. Hoje está mais fácil pois estamos com um nível muito bom de trabalhos com juniperos de viveiro. Os amigos Carlos tramujas do Bonsai do Campo, Vicente Romagnole do Bonsai Center Romagnole e Francisco Correia estão abrindo novos horizontes com juniperos para nós brasileiros.

11- Qual a sua percepção hoje da arte do bonsai no Brasil? Você acha que teve um crescimento? Há uma maior projeção dos nossos artistas no cenário mundial?

Pelas experiências que tive com o bonsai dentro e fora do Brasil notei que começamos a aparecer com mais expressão no cenário mundial. Temos muitos bons bonsaistas espalhados pelo Brasil. O que nos falta é uma maior união na arte. Mas compreendo que o tamanho do Brasil nos dificulta a interação e muitas vezes trava nossa evolução.

12 – Que conselhos você daria para quem está começando a se dedicar à arte do bonsai?

Primeiro conselho. Procure um bom curso de iniciantes para entender o bonsai. Fazer bonsai sozinho ou tentar aprender pela internet são coisas que não dão muito certo.

Bonsai se aprende praticando e de preferencia com direcionamento. Depois que engrenar defina uma linha de trabalho e tente ser muito bom naquilo que se propôs a fazer. Seja com juniperos ou tropicais ,procure sempre evoluir. Se um bonsaista para de evoluir porque acha que um “mestre” não pode buscar novos conhecimentos, creio que ele esta andando de costas ou retrocedendo em sua caminhada.

13- Que atributos o bonsaísta deve ter para conseguir um bom resultado nos seus trabalhos?

Tenha sempre foco onde pretende chegar. Durante tua evolução sempre seja caprichoso. Até mesmo quando estiver trabalhando um pré- bonsai. Busque inspiração em níveis muito superiores ao seu. Só assim vai melhorar seu senso critico na arte.

Demostração:

14- No seu arquivo de fotos esse desenho abaixo me chamou atenção , me fale sobre ele.

Este desenho foi criado a meu pedido por Nacho Marin. Mestre do bonsai. Ele disse que quando fazia um desenho para uma pessoa em especial ele costuma colocar as letras do nome da pessoa dentro da estrutura da planta. Neste caso temos as letras A e R. De Adriano Roldão

15- Hoje você dá cursos de bonsai na sua região ?

Ja dei curso para iniciantes a alguns anos atrás. Hoje dou cursos particulares ou em grupos. Cursos de nivel médio ou avançado. Faço demonstrações dentro e fora do Brasil.

Minha especialidade são os juniperos.
 16- O que você acha importante passar para seus alunos no curso?
 O mais importante quando ensino sobre a arte do bonsai é o seguinte: Por que tentar criar algo quando falamos em uma arte milenar ? Temos que primeiro dominar a arte e as técnicas existentes hoje para no futuro poder ousar a ponto de criar algo novo.
Uma Xeflera a caminho.
17- Quais os benefícios que podemos encontrar no cultivo da arte do bonsai?

Acho que o respeito e admiração pela natureza e pelas obras de Deus foram meus maiores aprendizados com a arte.

Ulmus em modelagem

18 – Diga uma frase, um pensamento, que você ache que sintetiza nossa arte.

No bonsai não tente criar…. Deus já criou. Se você tiver humildade e muita técnica talvez consiga copiar a obra do pai.

Um ditado para este momento é:      “Na vida nada se cria. Tudo se copia”

Quero trazer aqui no fim da entrevista um produto que eu não conhecia, e que está sendo fabricado no Brasil pelo Adriano Roldão. Uma mesa para trabalho com bonsai, mas que pela minha experiência como acabo improsisando com meu torno qui em casa,  pode ser usada também para escultura e por cerâmistas.

*Pés em alumínio maciço.
*Capa da torre hidraulica cromada.
*Base em compensado naval super resistente.
*Manta emborrachada sobre a base de madeira.
*Pintura na cor preta emborrachada.
*Ganchos para amarração da planta/vaso.
*Acompanha 01 cinta elastica

Base em madeira – 50CM.
Com 02 cm de espessura.
Altura mínima-   43CM.
Altura máxima-   57CM.
Peso montada –      9.100KG.

Valor do produto:   R$ 900,00

Frete não incluso. Pedir cotação.
O Adriano envia para todo o Brasil.
Prazo de entrega favor consultar.
O prazo de entrega pode oscilar de 05 a 20 dias dependendo da disponibilidade.

Contatos: Adriano De Azambuja Roldão   41- 9161-0101

Link do Bonsai Stylist:   https://www.facebook.com/bonsaistyle.com.br/?fref=ts

Entre na galeria e veja mais fotos de Adriano Roldão:

3 Respostas to “Adriano Roldão bonsais com muita arte.”

  1. MILTON MOREIRA PINTO Says:

    Parabéns!

  2. Belo trabalho Adriano.

  3. haroldo almeida Says:

    arte e visão

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