As espadas dos Samurais
No outono de 1274, Takezaki Suenaga cavalgava em alta velocidade para a Baía de Hakata, situada na costa noroeste da Ilha de Kyushu. Corriam boatos de que uma grande armada invasora vinda da China e da Coreia se dirigia para a costa, com a intenção de obrigar os japoneses a submeter-se ao governo de Kublai Khan. Desde 1269, por meio de uma série de ameaças veladas, o imperador mongol do Norte da China havia tentado instituir no Japão o tipo de hegemonia entre senhor e vassalos que havia imposto na Coreia e em outras nações adjacentes.
Sua primeira mensagem para o imperador japonês foi um insulto, ao tachá-lo de «governante de um país pequeno». Ainda que boa parte da cultura e da tecnologia japonesas procedesse da China, o Japão havia se negado durante séculos a submeter-se à relação tributária que lhe exigia a China imperial. Após seis anos do que ele considerou incitações sutis, era evidente que Kublai havia decidido que o Japão demandava uma persuasão mais firme. No início de novembro de 1274, chegaram à província de Suenaga, situada ao sul de Kyushu, notícias de que duas pequenas ilhas japonesas ao noroeste de Kyushu, Tsushima e Iki, haviam sucumbido diante da força invasora combinada de chineses e mongóis.
Os japoneses foram largamente superados em número. Conforme os relatórios tradicionais, que quando falam do número de efetivos militares ou de vítimas de uma guerra são sempre um tanto duvidosos, o exército sino-mongol invasor, que havia zarpado do sul da Coreia em quase 800 barcos construídos e tripulados por coreanos, tinha 15.000 homens. Os defensores de Tsushima e Iki eram somente algumas centenas. Lutando heroicamente até o último homem, os guerreiros japoneses se horrorizaram ao ver os invasores matarem indiscriminadamente mulheres, crianças e outros não combatentes. Mas para os mongóis, aterrorizar a população civil não era nada além de outra arma bélica. Quando souberam que estes invasores bárbaros se dirigiam para a Baía de Hakata, em Kyushu, Suenaga e outros guerreiros se prepararam para iniciar a batalha. Os mais aristocráticos pintaram os dentes de preto, colocaram pó de arroz e perfume e prenderam o cabelo em um coque elaborado. Os guerreiros japoneses que perdiam uma batalha costumavam ser decapitados, e este cuidado com a aparência garantia que, mesmo morto, o guerreiro conservasse sua dignidade. Depois, os guerreiros reuniram suas armas: um arco, uma adaga e uma ou duas espadas.
Também acrescentaram ao equipamento uma pele de cervo, que usavam para sentar e conservar a posição durante a prática do tiro com arco. Na guerra, a pele servia de assento para o guerreiro que estava a ponto de ser executado. Esses eram os preparativos tradicionais dos samurais, como eram conhecidos os guerreiros profissionais que podiam de- monstrar que descendiam da aristocracia dos clãs . mais antigos. Este nome, que significa «os que servem», havia sido aplicado antes aos criados pessoais e os samurais ainda exerciam a função de fiéis serventes.
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