Para falar da minha paixão por pedras tenho que descrever o mar e a montanha que estão em frente à minha casa. Neste momento em que escrevo para o blog estou ouvindo as grandes ondas do mar de Itaipuaçu (Maricá/Rio de Janeiro).

A praia de Itaipuaçu é separada da praia de Itacoatiara por uma montanha de 308 metros de altura,que entra 150 metros dentro do mar formando um lindo costão de pedras, nós chamamos a montanha de Pedra do Elefante (Alto Murão em carta geográfica), nome dado pelos primeiros moradores e pescadores devido ao fato dela ter o rosto deitado de um elefante.
Pedra do Elefante.

Itaipuaçu possui uma das maiores ondas do Brasil; em algumas ressacas as ondas chegam a 8 metros e invadem a primeira linha de casas na beira da praia. Como não existem recifes de coral nem um lajeado alto, as ondas quebram na areia, não dando condições ideais para o surf. A 30 metros da praia temos uma profundidade media de 40 metros e a 100 metros da praia a profundidade pode chegar a 95 metros. Pedras e conchas são jogadas na praia e são um presente para os amantes da natureza. Você pode sentar na areia em um dia de ressaca e ver o mar brincar com uma pedra como se ela não tivesse 200 quilos.
O mar joga uma diversidade de pedras muito grande e sua formação pode ser de arenito, feldspato, minério de ferro, granito, poliquetas e quartzo, entre várias outras composições. O mar realmente transforma as pedras em esculturas retorcidas ou incrivelmente lisas. A existência de “terebros” e de alguns tipos de moluscos e gastrópodes, produzem buracos e cavidades nas pedras de formação de arenito.
Pedras recolhidas em um dia de ressaca.

Eu tenho paixão pela arte de milenar chinesa de contemplar pedras (SUISEKI), cuja tradução é pedra de água, em japonês. São pedras que nos transmitem a beleza e a forma de montanhas, ilhas, escarpas, cavernas, figuras humanas, animais, etc.
Hoje, ouvindo o mar, tive a idéia de procurar pedras que tenham e transmitam a beleza de um suiseki, mas com uma condição: elas não poderão ter mais de 8cm de comprimento, e totalmente naturais sua forma, textura e cor, não podendo ser alteradas. Eu tenho pedras grandes no meu jardim com a beleza de suisekis, mas eu não tenho espaço para guardá-las e expô-las da maneira correta, em suas bandejas de madeira (DAIZA) moldadas no formato de suas bases, ou apenas como bandejas de apoio. Mas, com 8cm de comprimento, podemos ter vários suisekis em uma mesa ou prateleira, e a satisfação da procura será a mesma! Será um suiseki mame. Aqui no blog você pode ler uma matéria e ver fotos sobre todos os tipos de suiseki.

(19/04) Hoje de manhã fui a praia procurar pedras com as características de suisekis, o mar mais uma vez foi generoso e peguei muitas pedras para Penjing (construção de paisagens ) e selecionei algumas lindas para as quais eu farei amanhã e na semana que vêm a base de madeira, que valoriza a forma do suiseki.

Abaixo as etapas e o material usado para fazer os suisekis:
Para acertar e deixar reto a base das pedra escolhida, uso uma lixadeira de cinta de alta rotação. A lixa tem que ser de uma gramatura alta para desgastar e acertar as irregularidades da pedra.


Usei para fazer as Daizas dos suisekis três tipos de madeira Ipê, Balsa e Angelim. A Balsa de modelismo é a mais macia, e para trabalhos muito minuciosos (de até 4cm) é a melhor pois não racha com facilidade.

Para o corte das madeiras uso uma serra tico tico miniatura que foi presente do meu Pai ele a usada para modelismo de Veleiros e Caravelas em miniatura.

Para escavar a base de madeira uso formões de entalhar madeira e uma retífica da Dreamel com várias pontas de funções diferentes.


As pedras são coladas com cola quente (acima de 5cm) e com Super Bonder Gel (menores 4cm). Está diferença é porque a cola quente ocupa muito volume e aparece muito, nos trabalhos pequenos.

Para escurecer a madeira usei Viochene negro e marrom. Uso também uma base de altomotivo preto para dar um efeito de laqueado.
(25/04) Eu fiquei muito feliz com o resultado, acho um exercício de visualização da natureza maravilhoso. Na próxima vez que você tiver caminhando não só na praia mas perto de um leito de rio, numa restinga, atravessando uma estrada de terra, uma floresta, quem sabe você não encontra uma pequena montanha para guardar na palma da mão.













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