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Aikido o caminho da harmonia

Posted in Arte Marcial - Aikido with tags , , , , , , , , , on 4 d e junho d e 2011 by aidobonsai

Ai Ki Do “O caminho da harmonia”, pintado por Morihei Ueshiba aos oitenta anos de idade. A caligrafia é uma manifestaçnao de aiki: equilibrada, firme e vibrante.

Aiki reflete o grande projeto do cosmos; ele é a força da vida, um poder irresistível que une os aspectos’materiais e espirituais da criação. Aiki é o fluxo da natureza.
Aiki significa a união do corpo e do espírito e é uma manifestação dessa verdade. Além disso, aiki nos permite harmonizar o céu, a terra e a humanidade numa unidade.
Aiki significa “conviver em harmonia”, num estado de entendimento mútuo. Aiki é a virtude social suprema. Ele é o poder da reconciliação e do amor.


A visão que Morihei tem de aiki é muito próxima das idéias de integritas (plenitude) e de consonantia (harmonia) da filosofia ocidental. A integração – entre corpo e espírito, entre eu e o outro, entre humanidade e natureza, entre verdade e beleza – é uma condição que todos devem se empenhar por alcançar, e é também um estado moral: os que são íntegros podem agir da maneira mais apropriada e mais justa.
Consonantia (harmonia, em grego) é um “ajustar-se”. Também os sábios do Ocidente perceberam a harmonia das esferas e o processo em que todos os elementos se integram para formar o todo maior. Como Hipócrates escreveu: “Todas as coisas estão em concordância.” A Física atual define esse conceito com as seguintes palavras:
“A quantidade de energia positiva que existe no universo é exatamente igual à quantidade de energia negativa; o universo é, e sempre foi, um sistema de energia em perfeito equilíbrio.”


A intuição de que “todas as coisas estão em concordância” era uma crença comum no Oriente e também no Ocidente. Lamentavelmente, a civilização moderna foi envenenada pela proposição deturpada de alguns de que a vida não passa de uma forte rivalidade entre espécies em que somente os mais preparados conseguem sobreviver. A vida é sempre uma prova, e as pessoas precisam estar física e mentalmente preparadas para vencê-la – essa é uma das razões por que praticamos Aikidõ – mas a visão perniciosa de que a existência é uma batalha constante contra inimigos que devem ser totalmente subjugados ou aniquilados é uma das causas diretas de grande parte da exploração e da destruição tanto da humanidade como do meio ambiente que irrompeu violentamente nos séculos XIX e XX.

Circularidade. O movimento e aceleração do ataque adversário retornando ao seu ponto de origem. Facerj Aikido

A ênfase dada à necessidade de “vencer”, por quaisquer meios e a qualquer custo, ofuscou enormemente o nobre ideal do “desportismo” nos esportes contemporâneos. Morihei escreveu: “Hoje os esportes só servem como exercício físico – eles não treinam a pessoa como um todo. A prática de aiki, por outro lado, promove o valor, a sinceridade, a fidelidade, a bondade e a beleza, além de tornar o corpo forte e saudável.” No Aikidõ tradicional não existem campeonatos formais, e por conseqüência não há “vencedores”, nem “vencidos”. Algumas pessoas têm muita dificuldade de aceitar essa posição, e mesmo alguns dos discípulos mais próximos de Morihei discordavam do mestre nesse ponto – eles insistiam em implantar algum tipo de competição, semelhante às lutas praticadas no judô ou aos torneios com um sistema de pontuação de estilo olímpico.


Morihei, entretanto, sustentou até o fim que aiki é cooperação. Em cada exercício de Aikidõ, os parceiros se alternam nos papéis de ataque e de defesa, de vencedor e de vencido. Dessa forma, o praticante aprende muito treinando nos dois lados da equação do Aikidõ. Espectadores (e às vezes os próprios estudantes) muitas vezes observam que “as técnicas do Aikidõ só funcionam se o parceiro cooperar”. É precisamente essa a questão. Rinjirõ Shirata Sensei costumava explicar aiki deste modo: “Vivendo em harmonia, demo-nos as mãos e alcancemos a linha de chegada juntos.”


Aiki, como um agente de cura, conota ressuscitação e revitalização. Os melhores médicos de todas as culturas compreendem que um diagnóstico apropriado depende em grande parte do fato de ele, médico, estar em sintonia com o paciente para sentir o que este realmente sente. Só então ele terá condições de prescrever um remédio condizente. (No Japão antigo, um tipo de aiki era usado para reanimar pessoas que ficavam inconscientes devido a um acidente ou que entravam em coma devido a alguma doença.) Morihei falava freqüentemente das propriedades restauradoras e salutares do treinamento em aiki: “O volume de energia depois de um bom exercício deve ser maior do que o existente antes do exercício.”


Há um outro significado de aiki que é essencial para a verdadeira harmonia: a união perfeita de um homem e de uma mulher, um estado excelso de total intimidade física e espiritual. (Nos manuais de sexo chineses, aiki era o termo usado para a experiência sexual suprema.) A integração natural e pura dos princípios masculino e feminino está no amago de toda a criação. A libido não deve ser confundida com a mera concupiscência; deve, sim, ser compreendida como um anseio sincero de integração e de realização plena. Macho e fêmea são estéreis até que se unam; o desejo de ficar ligado, como se fosse um, para restaurar a unidade primordial, é um objetivo fundamental do Aikidõ (e de todas as outras artes).

De modo semelhante, existe uma espécie de embriologia do aiki: o filho ideal é concebido quando os pais estão em harmonia total, constituindo uma verdadeira unidade de corpo e de alma. Se os pais permanecem em harmonia durante a gravidez, o feto é alimentado com aiki, uma qualidade que bate no coração da mãe e flui no seu sangue.
Tecnicamente, aiki é a “noção de tempo perfeita”. No dõjõ, o praticante procura fundir-se suavemente com a força de ataque, aplicando o volume exato de movimento, de equilíbrio e de força. Seguindo esse princípio, procuramos nos ajustar também à vida diária, reagindo aos vários desafios da vida com uma noção aguçada de aiki.

Dõ, a segunda metade da palavra Aikidõ, simboliza tanto um “caminho” particular que a pessoa percorre, como um “modo de vida” (way) universal baseado em princípios filosóficos. Os que trilham o caminho do Aikidõ vestem um tipo especial de roupa, meditam de uma certa maneira e praticam técnicas características. Esse é o caminho cultural do Aikidõ, o contexto da prática baseado nos ideais e técnicas clássicas do fundador, Morihei. O modo de vida do Aikidõ abrange o espectro mais amplo da vida – como convivemos com outros seres humanos fora do estreito mundo do dõjõ, como nos relacionamos com a sociedade como um todo e como tratamos a natureza. Nesse sentido, Aikidõ é Tantra, um entrelaçamento do macro e do microcosmo.

A verdade básica do Tantra é: “Tudo o que existe no universo existe dentro do corpo de cada pessoa. O que está aqui, está lá; o que não está aqui, não está em nenhum outro lugar.” O gnosticismo ocidental expressa essa verdade assim: “Quando fizerdes o de cima como o de baixo, e quando fizerdes do macho e da fêmea um só ser, então entrareis no Reino” (Evangelho de Tomé), ou mais sucintamente: “Como em cima, assim embaixo.” No idioma de Morihei, isso se expressa como ware soku uchu, “Eu sou (nós somos) o universo!” Cultivando o nosso corpo e a nossa alma através da prática do Aikidõ, adquirindo uma percepção verdadeira e praticando atos autênticos, aprendemos a viver cosmicamente.

Aikidõ é também ioga, um “jugo” que nos unifica, nos liga e nos atrela a prin cípios superiores. As oito partes do ioga clássico se assemelham aos ensinamentos do Aikidõ clássico de Morihei:

Yama, “princípios éticos”, sendo o mais importante ahimsa, “não-violência”. Nas palavras de Morihei, “Aqueles que procuram a competição estão cometendo um grave erro. Bater, ferir ou destruir é o pior pecado que um ser humano pode cometer”.

Niyama, “disciplina”. No Aikidõ, recebe o nome de tanren (forjar): “O objetivo do treinamento é disciplinar o indolente, enrijecer o corpo e polir o espírito.”

Asana, “posturas graciosas”. Às vezes é útil que o praticante pense nos movi mentos do Aikidõ não como técnicas de uma arte marcial mortífera, mas como:  asana, posturas físicas que ligam o praticante a verdades mais elevadas. Como asana, as técnicas do Aikidõ são dolorosas e difíceis no começo, mas no final se tornam mais fáceis, mais estáveis e mais agradáveis. Na verdade, um princípio do ioga diz que “a asana é perfeita quando o esforço para executá-Ia desaparece” e “quem domina a asana conquista os três mundos”. Morihei ensinava: “Funcio nando harmoniosamente juntas, direita e esquerda dão origem a todas as técnicas. Os quatro membros do corpo são os quatro pilares do céu.”

Pranayãma, “controle da respiração”, é necessário para partilhar da respiração do universo: “Inspire e deixe-se levar até os confins do universo; expire e traga o cosmos de volta para dentro de você. Em seguida, respire toda a fecundidade da terra. Finalmente, mescle a respiração do céu e a respiração da terra com a sua própria respiração, transformando-se na própria Respiração da Vida.”

A energia gerada pelo movimento do adversário, é transferida para ele mesmo, durante o seu ataque. “Uma vez tomada a iniciativa pelo agressor, a questão já está decidida”   Morihei Ueshiba

Pratyãhara significa “libertar-se da confusão”, um afastamento da distração dos sentidos, uma mente resoluta e imperturbável. Nesse sentido, Morihei ensinava:

“Não fixe o olhar nos olhos do seu oponente: ele pode hipnotizá-Ia. Não fixe os olhos na sua espada: ele pode intimidá-Ia. Não se concentre no seu oponente de maneira alguma: ele pode absorver sua energia.”

Dharana, “fixando a mente”, também conhecida como ekagratã, “mantendo um único ponto”, é um conceito bem-conhecido nos círculos do Aikidõ: “Se está centrado, você pode se movimentar livremente. O centro físico é sua barriga; se sua mente também está assentada ali, você pode ter certeza da vitória em qualquer empreendimento.”

Dhyana, “meditação”, é um estado de intuição profunda e de visão clara: “Expulse os pensamentos limitadores e retome ao verdadeiro vazio. Poste-se no meio do Grande Vazio.”

Samadhi, “absorção total”, vai ainda mais longe. No samadhi, a distinção entre cognoscente e coisa conhecida se dissolve, uma transfiguração que Morihei ex pressava como “Eu sou o universo!” Os poderes sobrenaturais de Morihei tinham origem no seu samadhi-aiki que tudo absorvia, e seu comportamento excêntrico também era característico dos níveis mais elevados do ioga – uma espécie de loucura divina que transcendia o tempo e o espaço. “Se não se unir ao vazio do Puro Vazio, você não encontrará o caminho de aiki.”

Os ensinamentos de Morihei foram resumidos na frase Takemusu Aiki. Take sim boliza “valor e bravura”; representa a irreprimível e inabalável coragem de viver. Musurepresenta nascimento, crescimento, realização, plenitude. É a força criativa do cosmos, responsável pela produção de tudo o que sustenta a vida. Takemusu Aiki é uma expressão simbólica que significa “a existência mais destemida e criativa!”

Aiki significa harmonia e integração – entre corpo e alma, entre o eu e o outro, entre a humanidade e a natureza. Quando praticado adequadamente num ambiente saudável, aiki é uma fonte inesgotável de energia e de amor.

Izanami (à esquerda, sustentando a lua no alto) e Izanagi (à direita, segurando o sol), dois deuses xintoístas da criação. Essa imagem faz parte de um pergaminho de transmissão secreta da escola de esgrima Shinkage. Também no Aikidõ, a interação harmoniosa de Izanami (mãe) e de Izanagi (pai), sexual e espiritualmente, simboliza a natureza cooperativa do universo. Morihei usava com freqüência os símbolos de Izanami e de Izanagi em seus ensinamentos: “Izanami é o elemento feminino, receptivo, associado com a água, força centrífuga, e o lado direito das coisas; Izanagi é o elemento masculino, ativo, associado com o fogo, força centrípeta, e o lado esquerdo das coisas.” Morihei acreditava que toda mulher chegará a realizar seu potencial como uma deusa de compaixão e todo homem seu potencial como um buda vitorioso.

Se você tem vontade de praticar ou conhecer melhor a arte marcial  japonesa Aikido, eu gostaria de indicar a Facerj Aikido. A Facerj  tem como seu fundador o Shiran Paulo Henrique de Menezes. Além de aprender um Aikido tradicionalmente marcial e mantendo todos os ensinamentos do Bushido, você fará parte de uma família que tem como objetivo o crescimento físico, mental e espiritual. O Aikido ensinado na Facerj traz também, na sua base, os ensinamentos e as formas de treinamento criados pelo mestre Kenji Tomiki.

Kenji Tomiki sentado ao lado de O Sensei Morihei Ueshiba.

Kenji Tomiki (8˚ dan de judo/aluno direto de Jigorokano) foi o primeiro sensei a se graduar 8˚ dan. Ele  recebeu seus ensinamentos diretamente de Morihei Ueshiba. A Facerj Aikido não pratica nenhum tipo de competição em seus dojos e mantém todos os ensinamentos do Aikido tradicional de Morihei Ueshiba.  Para maiores detalhes entre no site:    http://www.facerj.com.br/php/

Shiran – Paulo Henrique de Menezes FACERJ- AIKIDO

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Bushido

Posted in Arte - Filosofia, Arte Marcial - Bushido with tags , , , , , , , on 4 d e junho d e 2010 by aidobonsai

O caminho do Guerreiro

Na época em que a Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu foi fundada, as artes marciais no Japão eram todas chamadas por um único nome: bujutsu. Bu é a raiz que significa “marcial”, e jutsu significa “habilidade” ou “arte”. Embora o termo nem sempre seja usado de maneira correta no Japão atual, no sentido estrito ele se refere somente àquelas escolas que só ensinam habilidades de combate, como, por exemplo, a Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu.

Muitos séculos depois da fundação dessa escola, as influências do Budismo Zen afetaram as artes marciais japonesas; e, quando o Período de Edo (1603- 1867) – uma longa era de paz – seguiu-se à época dos generais litigantes, um novo conceito entrou nessas artes. Foi nessa época que a idéia de budô veio à existência. Budô significa “via marcial” ou “caminho marcial”. Dô é derivado da palavra chinesa tao e significa um caminho através da vida.

Katana do maior armeiro da história do Japão. Massamune. Katana de aço forjado e dobrado a mão. Seu Hamon, indica mais de 300.000 camadas de dobras.

A palavra budô era e ainda é usada para designar os sistemas marciais com ou sem o uso de armas nos quais alguns dos aspectos funcionais das artes de combate foram transformados, geralmente por razões estéticas.

Antigo suporte de Katana


Não obstante, conceitualmente, budô é mais do que isso. Ao adotar para si uma “via marcial” nessa época de paz, o guerreiro japonês comprometia-se antes de mais nada a seguir um caminho de desenvolvimento espiritual por meio do treinamento marcial. A eficácia prática desse treinamento de combate passou a ser secundária. Assim, a arte de combate pela espada, o ken-jutsu, tornouse o kendô, a via da espada; o naguinata-jutsu, a arte da alabarda, tornou-se o naguinata-dô, a via da alabarda; e assim por diante. Nas escolas de combate (-jutsu), mais antigas, a função predominava sobre a forma; mas nas escolas dô, mais refinadas, a forma e o estilo às vezes sobrepujam a eficiência marcial.

Menuki, detalhe do punho da Katana (Tsuka)

O caminho dos Deuses

Entretanto, o bushidô ou “caminho do guerreiro” trata antes de mais nada das atitudes e objetivos mentais do guerreiro feudal. Na opinião de Otake Sensei, o bushidô ou código de ética do samurai foi grosseiramente distorcido e assumiu um sentido totalmente diferente do original. Essa distorção ocorreu principalmente na época moderna e foi usadapara justificar sentimentos e atividades nacionalistas e militaristas. O Sensei explica:
“Especialmente em nossa época, quando as pessoas falam sobre a palavra bushidô, lembram-se do recente suicídio de Mishima Yukio (um romancista cujos livros foram publicados no Ocidente) e pensam naquele tipo de bushidô exposto no livro Hagakure, escrito pelo sacerdote Yamamoto Joche. Além de ser sacerdote, ele escreveu seu livro durante o Período Genroku (1688-1704), que foi uma época de paz no Japão. Infelizmente, ele cometeu alguns erros em diversas passagens do livro, ao passo que outros trechos estão escritos de tal modo que podem facilmente ser mal-interpretados.
Este detalhe da pintura de um biombo japonês mostra um general trajado de armadura tradicional atacando o ex’ército inimigo sobre o seu cavalo na batalha do Rio Uji, ocorrida em 1184.

O Xintoísmo é a religião mais antiga do Japão. Os caracteres shintô significam literalmente “o caminho dos deuses”.
“Ele afirma, para resumir, que seguir o bushidô é buscar a morte, mas o sentido de bushidô não se resume a morrer. Por causa dessa interpretação errônea, as pessoas de outros países acham que o bushidô é a mesma coisa que o harakiri ou seppuku, ou seja, o suicídio ritual.
“Na verdade, o sentido de bushidô é o de fazer alguma coisa boa para o mundo, deixar no mundo uma marca benéfica, e depois ser capaz de desapegar-se do corpo humano e aceitar a morte. Porém, é muito fácil entender erroneamente esse conceito. Ele não se resume a sair em busca da morte. Se você tentar realizar algo e por algum motivo não conseguir fazer o que queria, não será muito produtivo pensar: ‘F a-
. lhei, tenho de me matar.’ O bushidô não tem nada que ver com um modo de vida tão irresponsável quanto esse.
“Quando a pessoa tenta fazer algo e não consegue, há também no bushidô o conceito de continuàr a viver, mesmo que na desonra, se houver a possibilidade de corrigir o erro cometido ou remediar a situação. É esse o verdadeiro bushidô.
“É claro que esse conceito existe no Budismo: é o conceito budista de compaixão. Também no Budismo encontramos a premissa de que é bom ajudar os outros, fazer o bem ao mundo, mesmo que isso lhe cause problemas ou possa custar até mesmo a sua vida. Os dois conceitos são idênticos. A mesma coisa está presente no Cristianismo quando os cristãos falam da caridade.


Aqui no Japão, temos o Xintoísmo (Shintô). Trata-se de uma religião cujo nome, quando escrito com os caracteres chineses, significa ‘o caminho de Deus’ ou ‘o caminho dos deuses’. O caractere chinês que significa ‘via’, ‘estrada’ ou ‘caminho’ é escrito em duas partes. A parte à direita é o caractere chinês que significa pescoço ou cabeça; a parte à esquerda significa ‘correr’. O sentido global do caractere que significa ‘via’, ‘estrada’ ou ‘caminho’ é o de ‘tomar a cabeça nas mãos e correr para algum lugar’.
Acima desse caractere escrevemos o caractere que significa ‘deus’, e assim obtemos o escrito ‘via dos deuses’ ou ‘Shintô’. Se, acima do mesmo caractere, escrevermos os dois caracteres que significam bushi ou ‘guerreiro’, a palavra se torna bushidô. A nuance de significado da palavra, portanto, é a de que essa é uma via que exige responsabilidade; em outras palavras, é uma via na qual a sua cabeça, ou o seu pescoço, está em risco.

As diversas artes de cultivo pessoal são escritas com a palavra -dôo O sentido global, portanto, é o de que esse é o caminho correto a ser seguido pelos seres humanos.
Há uma história que, a meu ver, exemplifica muito bem esse ponto. Penso que ela deve ter pelo menos um fundo de verdade. Por volta do ano 1576, os soldados do Senhor Okudaira, um dos parentes próximos do Shogun Tokugawa, estavam sitiados em seu castelo. Dentre os homens havia um guerreiro de posição muito humilde chamado Torisunaemon. Todos os homens estavam no Castelo de Nagashino, sitiados pelos guerreiros da família Takada. O comandante da guarnição do castelo queria enviar um mensageiro ao Shogun Tokugawa para informá-lo da situação e pedir ajuda.
Quando o comandante perguntou quem se dispunha a ir, muitos homens qualificados apresentaram-se, mas um deles em específico, Torisunaemon, era famoso por ser bom nadador, e por isso foi escolhido para fugir do castelo e tentar chegar ao Shogun Tokugawa Ieyasu para pedir ajuda. Os alimentos estavam tão escassos dentro do castelo que os sitiados estavam tendo de comer casca de pinheiros para sobreviver. O comandante pedia que o socorro chegasse em três dias. Depois disso, eles se matariam para não morrer de fome.

Foto de samurai em miniatura (8cm) fotografado em Penjing, floresta miniatura. Aido Bonsai (Paulo Netto)


Torisunaemon conseguiu escapar do sítio e chegar a Tokugawa, que concordou em mandar uma força de alívio em três dias. No caminho de volta, porém, o mensageiro foi capturado pelos soldados de Takada. O comandante dos homens de Takada pensou que, como Torisunaemon não era nobre, mas de classe baixa, poderia ser manipulado. Disse a Torisunaemon: ‘Se você for amanhã de manhã à frente do castelo e disser ao exército que o socorro não virá e que, portanto, eles devem se render agora, farei de você um oficial no meu exército.’
Torisunaemon começou a pensar com seus botões: ‘Se eu for promovido a essa patente, minha mãe ficará muito contente. Seria muito bom que ela visse que eu dei certo na vida.’ Assim, concordou com a proposta do general inimigo.
No dia seguinte, foi amarrado como se fosse um prisioneiro e levado à frente do castelo. Chamou as pessoas lá de dentro: Tenho algo a dizer; vocês todos, escutem com atenção.’ Quando o povo do castelo viu quem era, agrupou-se nas muralhas para ouvir o que ele tinha a dizer. Lá estava ele, amarrado, com todas as pessoas que conhecia olhando-o de dentro do castelo, do outro lado do fosso.
Então pensou consigo mesmo: ‘Por mais que minha mãe ficasse feliz se me visse oficial de um exército, um homem bem-sucedido na vida, ela ficaria muito mais feliz se eu fosse leal e ajudasse as pessoas do castelo a sobreviver a esta batalha, mesmo que eu venha a morrer por isso.’ Por isso, a essa altura, decidiu o que ia dizer e gritou bem alto: ‘Ouçam todos com atenção!’ Então disse: ‘Não desistam; o socorro está chegando, agüentem firme por mais três dias!’ Nesse instante, os soldados de Takada crivaram-no de lanças e o mataram.

“É esse o verdadeiro sentido do auto-sacrifício, a verdadeira flor do bushidô.”

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Aikido o caminho da harmonia

Posted in Arte Marcial - Aikido with tags , , , , , , , , , on 3 d e junho d e 2010 by aidobonsai

Ai Ki Do "O caminho da harmonia", pintado por Morihei Ueshiba aos oitenta anos de idade. A caligrafia é uma manifestaçnao de aiki: equilibrada, firme e vibrante.


Aiki reflete o grande projeto do cosmos; ele é a força da vida, um poder irresistível que une os aspectos’materiais e espirituais da criação. Aiki é o fluxo da natureza.
Aiki significa a união do corpo e do espírito e é uma manifestação dessa verdade. Além disso, aiki nos permite harmonizar o céu, a terra e a humanidade numa unidade.
Aiki significa “conviver em harmonia”, num estado de entendimento mútuo. Aiki é a virtude social suprema. Ele é o poder da reconciliação e do amor.


A visão que Morihei tem de aiki é muito próxima das idéias de integritas (plenitude) e de consonantia (harmonia) da filosofia ocidental. A integração – entre corpo e espírito, entre eu e o outro, entre humanidade e natureza, entre verdade e beleza – é uma condição que todos devem se empenhar por alcançar, e é também um estado moral: os que são íntegros podem agir da maneira mais apropriada e mais justa.
Consonantia (harmonia, em grego) é um “ajustar-se”. Também os sábios do Ocidente perceberam a harmonia das esferas e o processo em que todos os elementos se integram para formar o todo maior. Como Hipócrates escreveu: “Todas as coisas estão em concordância.” A Física atual define esse conceito com as seguintes palavras:
“A quantidade de energia positiva que existe no universo é exatamente igual à quantidade de energia negativa; o universo é, e sempre foi, um sistema de energia em perfeito equilíbrio.”


A intuição de que “todas as coisas estão em concordância” era uma crença comum no Oriente e também no Ocidente. Lamentavelmente, a civilização moderna foi envenenada pela proposição deturpada de alguns de que a vida não passa de uma forte rivalidade entre espécies em que somente os mais preparados conseguem sobreviver. A vida é sempre uma prova, e as pessoas precisam estar física e mentalmente preparadas para vencê-la – essa é uma das razões por que praticamos Aikidõ – mas a visão perniciosa de que a existência é uma batalha constante contra inimigos que devem ser totalmente subjugados ou aniquilados é uma das causas diretas de grande parte da exploração e da destruição tanto da humanidade como do meio ambiente que irrompeu violentamente nos séculos XIX e XX.

Circularidade. O movimento e aceleração do ataque adversário retornando ao seu ponto de origem. Facerj Aikido


A ênfase dada à necessidade de “vencer”, por quaisquer meios e a qualquer custo, ofuscou enormemente o nobre ideal do “desportismo” nos esportes contemporâneos. Morihei escreveu: “Hoje os esportes só servem como exercício físico – eles não treinam a pessoa como um todo. A prática de aiki, por outro lado, promove o valor, a sinceridade, a fidelidade, a bondade e a beleza, além de tornar o corpo forte e saudável.” No Aikidõ tradicional não existem campeonatos formais, e por conseqüência não há “vencedores”, nem “vencidos”. Algumas pessoas têm muita dificuldade de aceitar essa posição, e mesmo alguns dos discípulos mais próximos de Morihei discordavam do mestre nesse ponto – eles insistiam em implantar algum tipo de competição, semelhante às lutas praticadas no judô ou aos torneios com um sistema de pontuação de estilo olímpico.


Morihei, entretanto, sustentou até o fim que aiki é cooperação. Em cada exercício de Aikidõ, os parceiros se alternam nos papéis de ataque e de defesa, de vencedor e de vencido. Dessa forma, o praticante aprende muito treinando nos dois lados da equação do Aikidõ. Espectadores (e às vezes os próprios estudantes) muitas vezes observam que “as técnicas do Aikidõ só funcionam se o parceiro cooperar”. É precisamente essa a questão. Rinjirõ Shirata Sensei costumava explicar aiki deste modo: “Vivendo em harmonia, demo-nos as mãos e alcancemos a linha de chegada juntos.”

Técnica mental e física. O conhecimento minucioso das articulações do corpo, faz que a força não seja necessária..


Aiki, como um agente de cura, conota ressuscitação e revitalização. Os melhores médicos de todas as culturas compreendem que um diagnóstico apropriado depende em grande parte do fato de ele, médico, estar em sintonia com o paciente para sentir o que este realmente sente. Só então ele terá condições de prescrever um remédio condizente. (No Japão antigo, um tipo de aiki era usado para reanimar pessoas que ficavam inconscientes devido a um acidente ou que entravam em coma devido a alguma doença.) Morihei falava freqüentemente das propriedades restauradoras e salutares do treinamento em aiki: “O volume de energia depois de um bom exercício deve ser maior do que o existente antes do exercício.”

Energia direcionada ao ponto certo.


Há um outro significado de aiki que é essencial para a verdadeira harmonia: a união perfeita de um homem e de uma mulher, um estado excelso de total intimidade física e espiritual. (Nos manuais de sexo chineses, aiki era o termo usado para a experiência sexual suprema.) A integração natural e pura dos princípios masculino e feminino está no amago de toda a criação. A libido não deve ser confundida com a mera concupiscência; deve, sim, ser compreendida como um anseio sincero de integração e de realização plena. Macho e fêmea são estéreis até que se unam; o desejo de ficar ligado, como se fosse um, para restaurar a unidade primordial, é um objetivo fundamental do Aikidõ (e de todas as outras artes).

A espada é a alma do samurai e o prolongamento do seu corpo e do seu espírito. Facerj Aikido

De modo semelhante, existe uma espécie de embriologia do aiki: o filho ideal é concebido quando os pais estão em harmonia total, constituindo uma verdadeira unidade de corpo e de alma. Se os pais permanecem em harmonia durante a gravidez, o feto é alimentado com aiki, uma qualidade que bate no coração da mãe e flui no seu sangue.
Tecnicamente, aiki é a “noção de tempo perfeita”. No dõjõ, o praticante procura fundir-se suavemente com a força de ataque, aplicando o volume exato de movimento, de equilíbrio e de força. Seguindo esse princípio, procuramos nos ajustar também à vida diária, reagindo aos vários desafios da vida com uma noção aguçada de aiki.


Dõ, a segunda metade da palavra Aikidõ, simboliza tanto um “caminho” particular que a pessoa percorre, como um “modo de vida” (way) universal baseado em princípios filosóficos. Os que trilham o caminho do Aikidõ vestem um tipo especial de roupa, meditam de uma certa maneira e praticam técnicas características. Esse é o caminho cultural do Aikidõ, o contexto da prática baseado nos ideais e técnicas clássicas do fundador, Morihei. O modo de vida do Aikidõ abrange o espectro mais amplo da vida – como convivemos com outros seres humanos fora do estreito mundo do dõjõ, como nos relacionamos com a sociedade como um todo e como tratamos a natureza. Nesse sentido, Aikidõ é Tantra, um entrelaçamento do macro e do microcosmo.

A verdade básica do Tantra é: “Tudo o que existe no universo existe dentro do corpo de cada pessoa. O que está aqui, está lá; o que não está aqui, não está em nenhum outro lugar.” O gnosticismo ocidental expressa essa verdade assim: “Quando fizerdes o de cima como o de baixo, e quando fizerdes do macho e da fêmea um só ser, então entrareis no Reino” (Evangelho de Tomé), ou mais sucintamente: “Como em cima, assim embaixo.” No idioma de Morihei, isso se expressa como ware soku uchu, “Eu sou (nós somos) o universo!” Cultivando o nosso corpo e a nossa alma através da prática do Aikidõ, adquirindo uma percepção verdadeira e praticando atos autênticos, aprendemos a viver cosmicamente.

Aikidõ é também ioga, um “jugo” que nos unifica, nos liga e nos atrela a prin cípios superiores. As oito partes do ioga clássico se assemelham aos ensinamentos do Aikidõ clássico de Morihei:

Yama, “princípios éticos”, sendo o mais importante ahimsa, “não-violência”. Nas palavras de Morihei, “Aqueles que procuram a competição estão cometendo um grave erro. Bater, ferir ou destruir é o pior pecado que um ser humano pode cometer”.

Niyama, “disciplina”. No Aikidõ, recebe o nome de tanren (forjar): “O objetivo do treinamento é disciplinar o indolente, enrijecer o corpo e polir o espírito.”

Asana, “posturas graciosas”. Às vezes é útil que o praticante pense nos movi mentos do Aikidõ não como técnicas de uma arte marcial mortífera, mas como:  asana, posturas físicas que ligam o praticante a verdades mais elevadas. Como asana, as técnicas do Aikidõ são dolorosas e difíceis no começo, mas no final se tornam mais fáceis, mais estáveis e mais agradáveis. Na verdade, um princípio do ioga diz que “a asana é perfeita quando o esforço para executá-Ia desaparece” e “quem domina a asana conquista os três mundos”. Morihei ensinava: “Funcio nando harmoniosamente juntas, direita e esquerda dão origem a todas as técnicas. Os quatro membros do corpo são os quatro pilares do céu.”

Pranayãma, “controle da respiração”, é necessário para partilhar da respiração do universo: “Inspire e deixe-se levar até os confins do universo; expire e traga o cosmos de volta para dentro de você. Em seguida, respire toda a fecundidade da terra. Finalmente, mescle a respiração do céu e a respiração da terra com a sua própria respiração, transformando-se na própria Respiração da Vida.”

A energia gerada pelo movimento do adversário, é transferida para ele mesmo, durante o seu ataque. "Uma vez tomada a iniciativa pelo agressor, a questão já está decidida" Morihei Ueshiba

Pratyãhara significa “libertar-se da confusão”, um afastamento da distração dos sentidos, uma mente resoluta e imperturbável. Nesse sentido, Morihei ensinava:

“Não fixe o olhar nos olhos do seu oponente: ele pode hipnotizá-Ia. Não fixe os olhos na sua espada: ele pode intimidá-Ia. Não se concentre no seu oponente de maneira alguma: ele pode absorver sua energia.”

Dharana, “fixando a mente”, também conhecida como ekagratã, “mantendo um único ponto”, é um conceito bem-conhecido nos círculos do Aikidõ: “Se está centrado, você pode se movimentar livremente. O centro físico é sua barriga; se sua mente também está assentada ali, você pode ter certeza da vitória em qualquer empreendimento.”

Dhyana, “meditação”, é um estado de intuição profunda e de visão clara: “Expulse os pensamentos limitadores e retome ao verdadeiro vazio. Poste-se no meio do Grande Vazio.”

Samadhi, “absorção total”, vai ainda mais longe. No samadhi, a distinção entre cognoscente e coisa conhecida se dissolve, uma transfiguração que Morihei ex pressava como “Eu sou o universo!” Os poderes sobrenaturais de Morihei tinham origem no seu samadhi-aiki que tudo absorvia, e seu comportamento excêntrico também era característico dos níveis mais elevados do ioga – uma espécie de loucura divina que transcendia o tempo e o espaço. “Se não se unir ao vazio do Puro Vazio, você não encontrará o caminho de aiki.”

Os ensinamentos de Morihei foram resumidos na frase Takemusu Aiki. Take sim boliza “valor e bravura”; representa a irreprimível e inabalável coragem de viver. Musurepresenta nascimento, crescimento, realização, plenitude. É a força criativa do cosmos, responsável pela produção de tudo o que sustenta a vida. Takemusu Aiki é uma expressão simbólica que significa “a existência mais destemida e criativa!”

Aiki significa harmonia e integração – entre corpo e alma, entre o eu e o outro, entre a humanidade e a natureza. Quando praticado adequadamente num ambiente saudável, aiki é uma fonte inesgotável de energia e de amor.

Izanami (à esquerda, sustentando a lua no alto) e Izanagi (à direita, segurando o sol), dois deuses xintoístas da criação. Essa imagem faz parte de um pergaminho de transmissão secreta da escola de esgrima Shinkage. Também no Aikidõ, a interação harmoniosa de Izanami (mãe) e de Izanagi (pai), sexual e espiritualmente, simboliza a natureza cooperativa do universo. Morihei usava com freqüência os símbolos de Izanami e de Izanagi em seus ensinamentos: “Izanami é o elemento feminino, receptivo, associado com a água, força centrífuga, e o lado direito das coisas; Izanagi é o elemento masculino, ativo, associado com o fogo, força centrípeta, e o lado esquerdo das coisas.” Morihei acreditava que toda mulher chegará a realizar seu potencial como uma deusa de compaixão e todo homem seu potencial como um buda vitorioso.

Se você tem vontade de praticar ou conhecer melhor a arte marcial  japonesa Aikido, eu gostaria de indicar a Facerj Aikido. A Facerj  tem como seu fundador o Shiran Paulo Henrique de Menezes. Além de aprender um Aikido tradicionalmente marcial e mantendo todos os ensinamentos do Bushido, você fará parte de uma família que tem como objetivo o crescimento físico, mental e espiritual. O Aikido ensinado na Facerj traz também, na sua base, os ensinamentos e as formas de treinamento criados pelo mestre Kenji Tomiki.

Kenji Tomiki sentado ao lado de O Sensei Morihei Ueshiba.

Kenji Tomiki (8˚ dan de judo/aluno direto de Jigorokano) foi o primeiro sensei a se graduar 8˚ dan. Ele  recebeu seus ensinamentos diretamente de Morihei Ueshiba. A Facerj Aikido não pratica nenhum tipo de competição em seus dojos e mantém todos os ensinamentos do Aikido tradicional de Morihei Ueshiba.  Para maiores detalhes entre no site:    http://www.facerj.com.br/php/

Shiran – Paulo Henrique de Menezes FACERJ- AIKIDO

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A Katana ” A alma e o espírito do Samurai”

Posted in Arte Marcial - Katana with tags , , , , , , , , , , , on 10 d e setembro d e 2009 by aidobonsai

BUSHIDO – O Código do guerreiro

Katana de Masamune

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Quando você segue um código de conduta de vida pessoal, calçado em valores como honra, disciplina,
busca de conhecimento marcial, compromisso com um mestre, você chega à palavra BUSHIDO.
BU significa militar, SHI-homem e DO- caminho. O código rígido do Bushido ditava cada aspecto de
sua conduta e exigia que o Samurai desse a vida pelo senhor a qualquer hora sem hesitação.
A quebra de um compromisso por um Samurai ou um erro de conduta, colocava toda uma família e
até um clã inteiro em perigo.

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As primeiras armas Samurais foram o arco e as flechas, que deram origem ao Kyujitsu e depois ao
Kyudo, a arte do arqueiro. Entre o ano de 1100-1200 os Samurais portavam a Tachi, espada com
ângulo de curvatura que começa desde a saída do punho inicio do Tsuba, carregando a espada
com seu cortante (chamado Há) voltado para baixo do lado esquerdo, pendurada por uma faixa (nobin).
Nas histórias Japonesas sacar essa espada significava “terra ao céu”.
A partir de 1200 começa a utilização da Katana e a Tachi fica sendo utilizada pela Cavalaria devido a
sua curvatura, que permitia um melhor ângulo de corte de cima da montaria de um cavalo.
A Katana era carregada do lado esquerdo com seu fio voltado para cima, segura pelo Obi do Samurais.
A Katana não possui nenhum tipo de encordoamento (Sayaito) na Saya,pois isto não permite o
movimento da Saya na hora de sacar a espada.

masamune

Mais uma espada fazia parte do armamento do Samurai, a Wakisashi,
que junto com o Tanto (punhal) formavam um conjunto.
Este conjunto ( Katana, wakisashi e Tanto ) tinha que ser confeccionado
pelo mesmo armeiro com todas características iguais: Tsuba, Tsuka,
Saya, Munukis, Kojiri, Kissaki, Polimento, Hamon, Habaki (todas as
partes). Esse conjunto de armas era chamado Daisho.
O Samurai quando andava em lugares fechados, casas ou edifícios
públicos, andava com a Katana na mão com o Tsuka (punho ) para trás
e o fio cortante para cima, o que tornava impossível saca-la.
A wakisashi não saia da sua vestimenta e apenas o Samurai tinha o
direito de portar e transitar pelo Japão com as duas espadas.

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